APESCA (Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Secundária Inês de Castro)

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

 Biblioteca com rodas.

Hoje não dormi bem, a ansiedade não me deixou dormir tranquilamente como tem acontecido nos últimos dias. Levanto-me, olho para o relógio de pêndulo que está colocado na sala e, fico com a sensação que os ponteiros se deslocam de forma mais lenta do que é habitual. Hoje não tenho escola, a minha professora não vem, devido a uma consulta que tem com o médico que se desloca uma vez por semana ao centro de saúde que existe na aldeia. No entanto a minha inquietude resulta de um outro facto, hoje vem à minha aldeia o carro biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian que vai trazer um mundo novo nas paginas dos seus livros. Cada livro tem a sua própria história, nas frases impressas em cada uma das suas páginas. São essas palavras, que leio com avidez, que me fazem descobrir coisas novas, ganhar asas para lugares longínquos, conhecer pessoas diferentes, descobrir o mundo sem sair do lugar. Isto é de facto a inolvidável capacidade que a leitura de um livro consegue provocar a quem o lê.
Este meu devaneio, resquício da minha infância vivida numa aldeia onde tudo tardava em chegar, leva-me a recordar a genialidade deste serviço. Esta iniciativa aconteceu da inspiração do escritor António José Branquinho da Fonseca, nascido a 4 de Maio de 1905 em Mortágua, conservador-bibliotecário do Museu biblioteca do Conde Castro Guimarães em Cascais, no ano de 1953. 
A sua existência partiu, no entanto, de um muito nobre princípio “quando o homem não busca o livro deve o livro buscar o homem”. Estes carros-biblioteca tinham como principal função fazer chegar os livros às pessoas que mais dificuldades tinham no acesso a educação e cultura e, cumulativamente habitavam as regiões mais desfavorecidas do país.  
Esta realidade tem nos dias de hoje o seu contraponto, pela enorme oferta de bibliotecas fixas existentes no país. Um desses casos é a biblioteca que existe na nossa escola, um espaço nobre com condições de excelência dotado de uma boa oferta literária. Apesar destas condições, o desinteresse por parte de um grande número de alunos é notório, o que torna inglório o trabalho que diariamente é desenvolvido para que se enraízem hábitos sustentados de leitura. No entanto é passo a passo que se faz o caminho e por isso, é dever de todos persistir e incutir que uma sociedade só será melhor, se entendermos que uma das formas para ampliar o conhecimento é ler mais. Lendo mais temos a garantia de uma compreensão melhor do nosso mundo. Ler desenvolve a capacidade de comunicar, criticar e consequentemente estimula a recriação e a invenção. Ler será por isso a razão permanente, para fazer da nossa realidade, uma realidade melhor.

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